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Postado por: Carlos Henrique
Data: 08/07/2020Empatia
Andrey Cavalcante:
“É preciso enfrentar
uma crise de cada vez”
Um solene puxão de orelhas nas autoridades foi aplicado pelo ex-presidente da OAB Rondônia, Andrey Cavalcante em um artigo no qual anuncia a recuperação de sua avó, de 92 anos, que recebeu alta depois de 21 dias na UTI, em tratamento contra o Covid/19. Ele defendeu a necessidade de compaixão e empatia para salvar vidas e disse ter sido testado positivo para o coronavirus, mas conseguiu recuperar-se com tratamento domiciliar.
Andrey selecionou exemplos de sucesso no combate à pandemia em vários municípios – inclusive Manaus – para cobrar atitude e humildade das autoridades. Salientou que a união de esforços e o tratamento precoce é comprovadamente o melhor caminho para vencer o vírus. Mas acredita ser preciso atacar uma crise de cada vez: primeiro a crise sanitária, em seguida a recuperação da economia e, por fim, a política. Leia o artigo:
Compaixão e empatia
Andrey Cavalcante“Se nossa vida começa e termina com a necessidade de afeto e cuidados, não seria sensato praticar amor e compaixão enquanto podemos?” O pensamento, atribuído ao Dalai Lama, é o que de mais próximo me ocorre para expressar minha incontida alegria ao anunciar o restabelecimento de minha avó, Maria Inácia da Silva, que conseguiu vencer o Covid/19. Ela deixou ontem a UTI, depois de 21 dias de luta contra esse vírus insidioso, responsável pela maior tragédia que já se abateu sobre o país. Agradeço a Deus pela recuperação daquela mulher, forte nos seus 92 anos, minha segunda mãe. E agradeço a Deus e aos amigos, que se uniram em orações por seu restabelecimento.
Também testei positivo para o coronavirus, mas consegui me recuperar com tratamento medicamentoso, sem necessidade de internação. Sinto-me, porém, na obrigação de manifestar minha profunda solidariedade a tantas famílias devastadas pela endemia, com a perda de entes queridos e proibidas inclusive de acompanhar o sepultamento. Ou das condições de prover seu sustento, com a severidade das medidas de isolamento social necessárias para conter o avanço da contaminação. Mais lamentável ainda é constatar que, apesar dos esforços das autoridades, continua dramático o crescimento do número de óbitos, 12 apenas nesta terça-feira, o que elevou para 506 o número de vidas rondonienses ceifadas pela pandemia.Há que se observar, contudo, que alguns municípios têm conseguido efeitos significativos no combate ao vírus. Em Manaus, que há relativamente pouco tempo ocupava o noticiário nacional com o trágico sepultamento de vítimas em vala comum, o presidente do grupo hospitalar Samel, Luis Alberto Nicolau, anunciou, em vídeo distribuído na segunda-feira, estar muito perto o fim da pandemia no município. Em Nova Mamoré, que aplicou medidas de isolamento apenas parcial, foram registrados 340 casos positivos, todos tratados em domicílio, e cinco mortes. Muito próximo e com acesso obrigatório por Nova Mamoré, o município de Guajará-Mirim registrou 1.540 casos, com 54 óbitos.
O teste domiciliar explica o sucesso do combate à pandemia feito pela Prefeitura de São Caetano do Sul, em parceria com a universidade municipal (USCS), que fortaleceu os cuidados oferecidos na atenção primária à saúde (APS), a porta de entrada do SUS. O mesmo processo é orientado pela médica mineira Raissa Soares em vídeo que obteve grande repercussão nas redes sociais. Ela chama a atenção para a estratégia adotada, em Porto Seguro, onde trabalha: “O segredo está no PSF (Programa de Saúde da Família)” - ensina. “As equipes fornecem medicamentos já nas visitas domiciliares com a simples manifestação de sintomas de gripe. A pessoa é registrada para acompanhamento e informada sobre como evitar o contágio de toda a família. Com isso, conseguimos conter a doença na fase inicial, cujo tratamento é mais rápido e barato”.
Observa-se que há pontos convergentes em todos esses exemplos de sucesso: mobilização, união, atitude e tratamento precoce. É fundamental a mobilização de todos para a superação de uma crise de cada vez. A atuação bem sucedida no combate à pandemia permite afastar o verdadeiro pavor causado pela perspectiva de contaminação. A partir daí, superada a crise sanitária, pode-se usar a mesma mobilização para romper a crise econômica e, quem sabe, enfrentar satisfatoriamente a crise política depois disso.
Como fazer isso? Que tal usar de compaixão e empatia? Basta olhar todos os lados de uma situação e compreender que cada um tem seus motivos, dores, dificuldades e sentimentos. Augusto Cury aconselha humildade e perseverança. Assim, “quando você errar o caminho, recomece. O sucesso não é exclusividade de quem tem uma vida perfeita, mas de quem sabe usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Jamais desista! De si mesmo ou das pessoas. Pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrar o contrário”.
