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Postado por: Carlos Henrique
Data: 02/01/2013Duas visões
Duas visões sobre
o governo petista
Recebi há dias as insatisfação, manifestada via e-mail, de uma das cabeças coroadas do PT estadual, David Nogueira, autor do artigo “Olha aí, seu Zé”. Ele reclamou ter sido dele publicadas apenas trechos, numa visão “um tanto ou quanto apaixonada e distante de fatos e números”, que diz educadamente respeitar, mas da qual discorda radicalmente.
E acrescenta: “Como meu artigo não mereceu ser publicado na integra em seu espaço (reconheço a limitação literária do mesmo) ouso reencaminhá-lo para leitura mais apurada e pedir para sua publicação na integra. Assim os leitores poderão ter melhor visão para discernir, justo??!” Está certo que a mídia digital não impõe limites ao tamanho do texto. Mas ilude-se em relação à possibilidade de merecer atenção aquele que desrespeita o tempo e a paciência do leitor.
Apesar disso resolvi atender, até para justificar a publicação de uma segunda opinião, enviada pelo leitor Nerone Maiolino Simioli, que esclarece: “Como sou um dos destinatários destes e-mails e não tenho afinidade com nenhum partido político, tomei a liberdade de fazer algumas considerações a respeito dos temas”.
REGISTRO – Para complementar um comentário publicado em artigo anterior sobre o café do Juscelino, no qual nos reuníamos aos domingos. Foi enviado pelo meu amigo Antônio Queiroz e diz que “com menos intensidade do que os demais - também participei do café do Juscelino. O advogado paraibano a que você se refere deve ser o Alfredo Agra, irmão do também advogado Luciano Agra. Se for o dito cujo, que precocemente faleceu de um infarto, está esclarecida a questão”. E acrescenta que “na próxima sexta-feira é dia de lamentar a passagem do amigo Teobaldo Viana para o "andar superior". Será que alguém lembra ??!!!!! Feito o registro”.
Olha aí, seu Zé!!
David Nogueira1. Olha aí, Seu Zé!!
Em seu primeiro mandato, o então barbudo Lula disse que o Brasil parecia um grande transatlântico em alto mar. O problema da nossa embarcação era o de andar a deriva em mar pouco afável. Seria necessário mudar o rumo desse navio e coloca-lo em uma nova direção. Um caminho bem diferente e capaz de criar outra realidade para os seus felizes tripulantes e sofridos passageiros. Em sua fala e sabedoria nordestina, o peão argumentava ser impossível fazer uma curva imediata de 90 graus para colocar o “barcão” no caminho correto. Para isso, era fundamental ter a coragem de segurar firme no leme e iniciar uma longa mudança de curso do navio chamado Brasil. Isso foi realmente feito??? Para aferir o resultado nesses últimos dez anos, só os números indicarão se tal coisa aconteceu ou não e, em acontecendo, foi bom ou ruim para os passageiros das classes C, D e E da nau canarinha.
2. Ser analfabeto! O que é isso?
Nós, os letrados, cultos e intelectualizados, já perdemos a noção, na maioria das vezes, do que é ser analfabeto numa sociedade moderninha como a nossa. Não estou falando em ser “analfa” numa sociedade simples, agrária, atrasada e medieval dos séculos passados. Estou falando de ser incapaz de ler e entender algo nos dias de hoje. Do viver e conviver com televisão, internet, bulas de remédio, placas de trânsito, ofertas de produtos, direitos, indicações de segurança e de convívio social...
Feche os olhos e se imagine nas ruas de Pequim na China... pensou??... olhou aquele monte de sinais sem dizer absolutamente nada para ti?? Saber que tua vida passa por aqueles símbolos e te sentires totalmente incapaz de interagir, usufruir direitos e administrar obrigações??? É mais ou menos assim que um analfabeto se sente andando em nossa cidade, nosso estado, nosso país.
3. Alguns números
Em 2011, o Brasil ainda possuía 8,6% de analfabetos dentro da população acima de 15 anos. Isso significa um total de 12,9 milhões de cidadãos. Um número ainda muito alto e inaceitável. No entanto, graças à mudança de rumo do “navio” iniciada em 2002, o quadro é de reversão. No ano de 2004, a taxa de analfabetismo era de 11,5%, isso significava um total de 17,25 milhões de brasileiros, acima de 15 anos, na condição de analfabetos. Hoje, quase cinco milhões de pessoas saíram das trevas e entraram em seu tempo com direito a ser cidadão pleno pelo simples fato de terem atingido o estágio de alfabetizado... legal! Isso, claro, não é tudo, mas é condição necessária para demais avanços.
4. Quem quer trabalhar?
O Brasil vive, na prática, seu período de emprego pleno. A taxa nacional de desocupação, ou seja, do povo que está em idade de trabalho e não consegue colocação, atingiu o seu nível histórico mais baixo: total de 6,7%, na prática, é quase um número de mão de obra circulante (a menor taxa está na região Sul – 4,3%, e a maior no Nordeste – 7,9%). Em 2004, esse número médio de desocupação nacional era de 8,9%. É bom considerar o dado que em muitos setores sobram vagas por ausência de profissionais habilitados e capacitados (petróleo, gás, engenharias diversas, tecnologia da informação, etc).
5. O Gini caiu!!!... você sabe o que é isso?
“O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Conrado Gini, e publicada no documento "Variabilità e mutabilità" ("Variabilidade e mutabilidade" em italiano), em em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de renda mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente multiplicado por 100).
Enquanto o coeficiente de Gini é majoritariamente usado para mensurar a desigualdade de renda, pode ser também usado para mensurar a desigualdade de riqueza.” (Wikipédia)
Deu para entender, Zé?
Em 2004, esse índice brasileiro registrava a marca de 0,559. Hoje, esse número está em 0,508, e em trajetória de queda. Isso significa na prática que o país está aplicando políticas que reduzem a concentração de renda. Por outras palavras, políticas que ajudam pessoas a melhorarem de vida. Graças a essas opções de governo, mais de 36 milhões de brasileiros avançaram na pirâmide social e tornaram o Brasil um país melhor, mais justo e solidário.
Os números são resultado de decisões políticas. Essas decisões são resultado de escolhas feitas pelo povo no momento do exercício do voto. Esse caminho em que estamos interessa ao povo ou não? Quem não souber responder a essa pergunta, não compreenderá o tamanho da transformação que está em curso em nossas terras tupiniquins!!...
E viva 2013!!
Acho que vou gostar muito desse novo ano!
Números oficiais
Nerone Maiolino Simioli
Senhores,
Como sou um dos destinatários destes e-mails e não tenho afinidade com nenhum partido político, tomei a liberdade de fazer algumas considerações a respeito dos temas. Creio que é impossível falar de política sem politicagem, afinal as duas se confundem o tempo todo. A politicagem é a arte de se fazer política.
Os números divulgados pelo governo são tão reais quanto os personagens infantis que povoavam a nossa infância; Acreditar neles é ser no mínimo inocente. Claro que resultados práticos só se medem com números e percentuais, mas quando falamos de política devemos tomar sempre o cuidado de dar um peso extra à experiência, à observação e ao bom senso.
O governo do PT vém se vangloriando desde 2002 de ter mudado a vida dos brasileiros, com políticas paternalistas que permitiram que nós pudéssemos comprar uma geladeira ou um fogão novo. Não que isso seja ruim ou desabone qualquer iniciativa de melhorar a vida do povo, mas como intelectuais devemos observar mais profundamente as intenções que permeiam este tipo de administração, natural em países subdesenvolvidos e em regimes totalitários. O velho pão e circo.
O bom senso e a observação me levam a crer que nem de longe alcançamos o “desenvolvimento” proposto nos referidos percentuais. A educação melhorou? Nem tanto; basta visitar escolas e universidades públicas, ou conversar com professores e empresários a respeito da formação pessoal e profissional dos seus colaboradores. A economia? Acompanhamos o crescimento global e agora com a recessão mundial também estamos em declínio. As instituições e repartições públicas? Nunca estiveram tão belas e suntuosas, mas nunca foram tão ineficientes. Temos uma enorme quantidade de funcionários públicos que trabalham muito e não produzem nada. A corrupção então (que não é somente petista) é tema para um tratado.
A verdade é que muita coisa aconteceu não por causa do governo, mas APESAR do governo. Da mesma forma que experimentamos um crescimento alucinado nos últimos anos, observamos agora atônitos uma leve recessão. Essa é uma realidade global e não é filha do PT, PMDB ou de qualquer partido. O timoneiro de hoje é o mercado global, não o Lula ou a Dilma.
As pessoas que realmente procuram melhorar de vida e obter conhecimento encontram milhares de dificuldades no Brasil. Novamente, elas conseguem qualificação APESAR do governo e não com a ajuda dele, fazendo isso para garantir a sua sobrevivência em um mercado altamente competitivo. Observem que um alto percentual de pessoas assistidas pelos “bolsas família” se mantém em um estado de miséria constante devido ao fato de o governo não exigir nenhuma contrapartida, como por exemplo uma qualificação profissional (dar o peixe, mas ensinar a pescar). É unânime a certeza de que somente a educação melhora uma sociedade, mas os governos de 3º mundo não investem nela. Porque será???
Enfim, insisto que analisem fatos sob uma ótica mais ampla que inclui a política, mas não depende somente dela.
Lembrem-se: Filho feio não tem pai.
