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Postado por: Carlos Henrique
Data: 24/10/2012O PT e o mensalão
De Cuba e xambioá ao mensalão:
a evolução do pensamento petistaO ex-presidente Lula disse em João Pessoa (PB), ao participar de comício do candidato do PT a prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que entrou e saiu do governo "pela porta da frente". Seria um conselho aos “cumpanhêro” condenados à prisão no julgamento do mensalão?
A prosseguir por este raciocínio, seu discurso fica bastante elucidativo, especialmente quando recomendou a Cartaxo que, ao montar sua equipe, nunca nomeie "alguém que você não pode tirar". Seria o caso dos ministros nomeados por ele para o STF, que não aceitaram suas pressões pelo engavetamento do processo.
Luiz Inácio se diz “deprimido” com o resultado do julgamento. Melhor seria dizer assustado, especialmente porque se, inconformado com a cadeia que lhe foi destinada, Marcos Valério resolver contar tudo para dividir com ele cela da prisão.
É realmente curiosa a indignação dos mensaleiros com os resultados do julgamento. Cada um parece realmente ter certeza da própria inocência e não há voto laudatório de ministro que o convença do contrário.
A única explicação possível remete a um caráter de formação revolucionária, de absoluto desprezo aos princípios e parâmetros institucionais. Uma consciência formada em Cuba e Xambioá – onde José Genoíno denunciou todos os participantes da guerrilha, entregou todo o mundo, criando já naquela época o sistema de delação premiada para se livrar da tortura. Segundo o historiador Matias Mendes, militar à época e testemunha ocular do fato, Genoíno saiu do episódio sem levar nem mesmo um só tabefe.
Seu conceito de Justiça ficou, a partir daí, moldado pelo repúdio à legislação burguesa, porque nascida de poderes sem legitimidade, instituídos à revelia do pensamento revolucionário. Tal pensamento ainda se mantém hoje como linha mestra de ação do PT no poder, onde somente existe o pecado das elites, da imprensa e, principalmente, do STF, que se recusaram à admissão de seus dogmas.
Talvez por isso encarem com naturalidade a revisão da anistia, para julgar exclusivamente os crimes praticados pela repressão, considerados justificáveis e até heroicos aqueles originados na guerrilha, no terrorismo, nos sequestros, assaltos e “justiçamentos”.
Somente assim se pode explicar a cara de vítima com a qual cada um deles encara o veredito do Supremo e a perspectiva de cadeia. Eles não reconhecem legitimidade nas leis do País. Tomara que não sejam misturados aos pobres bandidos, presos por crimes comuns como homicídios, estupros e tráfico. Eles poderão ser novamente contaminados, como foram aqueles outros, dos tempos da ditadura, o que acabou dando origem a empreendimentos e organizações como o PCC.
Lula, é claro, não teve formação revolucionária nem treinamento de terrorista em Cuba nem conheceu os campos de Xambioá. Envolveu-se com o grupo e deixou-se conduzir por puro oportunismo. É claro que, com isso, ficou muito, muito rico.
