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Postado por: Carlos Henrique
Data: 20/10/2012Leitor reclama
Leitores reclamam de
má vontade contra
Hélio Vieira (má vontade?)Recebi, de alguns leitores, reclamações, algumas bastante incisivas, contra o que definem como uma clara má vontade do bloguista contra o presidente da OAB rondoniense, advogado Hélio Vieira. Quero esclarecer que nada tenho contra a pessoa, que deve ter lá seus méritos. Mas acredito que suas atitudes como presidente da OAB contrastam com tudo aquilo que a instituição vem pregando ao longo de sua existência. Muito embora o brilhante Hélio Gaspari afirme com segurança, em artigo que me permito reproduzir aqui, que toda aquela aura que apresentava a OAB como modelo de ética para o país já foi totalmente abandonada.
Um exemplo: a sede da OAB estava ontem completamente lotada de advogados em busca de regularização de mensalidades pendentes. Era o último dia para que os causídicos pudessem recuperar o direito de votar. Tudo bem, direito deles. Curioso é que todos eles foram acometidos ao mesmo tempo por aquela súbita consciência cívica, que não se manifestava com tal intensidade desde a última eleição há três anos, segundo gente “de dentro” Como a atual diretoria já está há nove anos no poder, tal “conscientização” deve ser cíclica e viaja pelo tempo em órbita elíptica, como que influenciada pelos astros. Ou por um cometa de aparição trienal.
Se ocorresse tal movimentação no comitê eleitoral de um dos candidatos a prefeito, podem ter certeza de que a Federal teria baixado lá e levado todo o mundo – aí incluído o candidato – em cana, como quase aconteceu com o caixão da esposa do vereador denunciado por compra de votos no velório.
Hélio Vieira adotou o modelo petista de gestão sindical. Só faltou filiar a OAB à CUT. E, com tal raciocínio, o comando da instituição pode tudo, menos perder o poder. Pratica ações como utilizar claramente toda a máquina da OAB em defesa da chapa situacionista. Utiliza descaradamente o site oficial da entidade na campanha, de tal forma que, se Confúcio Moura fizesse a metade disso lá estaria a OAB com sabão e vassouras para lavar as escadarias do Palácio. Tudo isso – e muito mais – para manter o comando da OAB na família. Fora essas “coisinhas”, explico aos autores das mensagens que nada tenho contra Hélio Vieira. Dele, espero somente distância.
Eis o artigo de Hélio Gaspari:
“Em dezembro de 2010, quando se descobriu que uma lambança ocorrida na distribuição das provas do Enem atrapalhara a vida de cerca de 10 mil dos 3,3 milhões de jovens que haviam prestado a prova, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, prontamente anunciou que pediria a anulação do exame.
Seria mais razoável oferecer uma nova prova aos prejudicados (o que foi feito), mas a Ordem defendeu uma posição extrema.
A veneranda OAB fez fama como papagaio de pirata de crises. Há um problema, e lá está ela metendo seu bico. Não importa que o assunto nada tenha a ver com o exercício da profissão de advogado. Nem mesmo que proponha uma nova e absurda prova para 3,3 milhões de jovens.
A OAB tornou-se uma instituição milionária e suas contas estão longe da vista do poder público. O doutor Ophir chegou a dizer que "o Congresso Nacional tornou-se um pântano". Um de seus antecessores, Roberto Busatto, disse que "o comportamento indecoroso de alguns agentes públicos expôs ao desgaste as instituições do Estado".
No seu próprio quintal, ela não é tão vigorosa, muito menos transparente. Há anos pipocam denúncias de fraudes no exame que os bacharéis são obrigados a prestar na Ordem para poderem trabalhar como advogados.
Desde 2007, sabia-se que uma integrante da banca de Brasília vendera por R$ 4.000 as perguntas de uma prova. Posteriormente ela recebeu o título de "melhor examinadora".
Em Goiás, 41 candidatos compraram provas por até R$ 15 mil, e o Tribunal de Ética da Ordem decidiu que eles nada devem. Jamais a OAB mobilizou-se para punir exemplar e publicamente esse tipo de delinquência.
Agora a Polícia Federal anunciou que existiram duas infiltrações fraudulentas nos seus exames de 2009 e 2010. Numa ponta, 152 bacharéis compraram provas e, com isso, 62 deles habilitaram-se para cargos na PF, na Receita e na ABIN. Felizmente, graças à polícia, foram afastados de suas funções.
Na outra ponta o problema é maior: 1.076 advogados "colaram" durante os exames. A PF descobriu isso de uma maneira simples. Rodou as respostas dos candidatos num programa de computador desenvolvido na Academia Nacional de Polícia, e a máquina descobriu onde se colou.
Simples: se num local 30% dos candidatos acertaram uma questão que teve um índice nacional de acerto de 5%, houve "cola". (Steve Levitt explica a racionalidade estatística do sistema num capítulo do seu magnífico livro "Freakonomics"). Esse tipo de auditoria tornou-se o terror da rede escolar pública americana. Na semana passada, pegaram uma rede de "cola" num dos melhores colégios de Nova York.
Se a OAB quer continuar a dar lições aos outros, pouco lhe custaria criar uma auditoria semelhante à que a Polícia Federal usou. Não conseguirá pegar todos os examinadores que vendem provas, mas identificará os locais onde a "cola" é ampla, geral e irrestrita”.
