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Postado por: Carlos Henrique
Data: 30/01/2020NiĆ³bio e Grafeno
Jornalista diz que
Rondônia possui
"mina" de grafenoNão presto atenção a conversa alheia. Acho que cada qual tem direito a pelo menos restringir o alcance das bobagens que produz. Mas não pude deixar de ouvir, porque partida de um jornalista conhecido, a declaração emitida em mesa de restaurante sem a educação de pelo menos limitar o volume ao alcance exclusivo da mesa que ocupava.Ainda que tentado, prefiro não declinar o nome. Melhor trocar a certeza da indignação pela impossibilidade da gratidão, caso existisse ali, em meio a toda aquela arrogância, alguma pitada de bom senso. Atributo do qual, infelizmente, ele não se mostrou possuidor na ocasião. Falava, com ar professoral, que Rondônia está sendo roubada não apenas no nióbio, mas também no grafeno (?).Daí despejou aquela conversa, dando conta de que apenas Rondônia e Bahia possuem nióbio em abundância. E que apenas uma jazida em Itapuã do Oeste, com estimados 90 milhões de toneladas, poderia render no mercado internacional R$ 3 trilhões. Mas está localizada em área de proteção ambiental e que "Bolsonaro está certo em acabar com isso". E prosseguiu: "Rondônia tem até mina de grafeno, em Nova Mamoré..." Preferi pagar a conta e sair, com receio da indigestão que se anunciava.A verdade é que muito se tem falado sobre o valor das reservas brasileiras de nióbio, mineral do qual o Brasil é o maior produtor e detentor de mais de 95% das reservas mundiais. Bolsonaro adora abordar o assunto, mas há algum tempo não tem falado sobre mineração em reservas ecológicas e áreas indígenas, embora negue sistematicamente autorização para novas reservas. O grafeno também já mereceu inúmeras lives de sua excelência. O certo é que o nióbio nacional esbarra em um problema grave: falta comprador. É que bastam 100 gramas para transformar uma tonelada de ferro no aço mais resistente já produzido. Quantidades reduzidas são igualmente aplicadas em diversos outros setores. Ou seja: ainda falta demanda.Com relação ao grafeno, o jornalista não está totalmente errado. Existe mesmo em Nova Mamoré a ocorrência registrada pela CPRM de uma mina. Com a diferença que o grafeno, que vale 500 vezes mais que o grafite, responde, na natureza, pelo nome de grafita, como preferem os especialistas em mineração. O grafeno, explicam, é o único mineral bidimensional já descoberto e pode ser utilizado em praticamente tudo, com excepcional ganho de qualidade. O problema está em retirá-lo, tarefa excepcionalmente complicada, a cuja pesquisa se dedicdam cientistas de todo o mundo.
Minas Gerais possui a primeira planta piloto em operação para produção de grafeno em escala comercial no Brasil. É patrocipado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, em parceria com a UFMG e o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear. Mas toda a capacidade instalada é capaz de produzir apenas 35 kg/ano de grafeno e 110 kg/ano nano placas. Mesmo assim o Brasil está entre os maiores produtores mundiais.
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