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Postado por: Carlos Henrique
Data: 25/08/2017AuxĂlio alimenta crise
A burrice tem seu preço:Auxílio ainda alimenta
crise na AssembleiaA burrada cometida em conjunto pela Assembleia somente encontra precedente na história política do país durante o governo de José Sarney. Daqui a pouco explico. Nossos "brilhantes" parlamentares conseguiram provocar a indignação popular com uma providência que, corretamente apresentada, seria considerada amplamente meritória. Refiro-me ao tal "auxílio alimentação", que provocou tal e tão negativa repercussão que suas excelências revogaram a proposta.
E ficou ainda pior, pois restou-lhes uma culpa que pelo menos tecnicamente não tinham. Mas está enganado quem pensa que tudo voltou ao que era antes. Os timoneiros da proposta agiram como o comandante Francesco Schettino, capitão do navio Costa Concórdia que ao ver o barco afundar disse a célebre frase: "Eu assumo!" - e de fato sumiu. Pois é. E Maurão de Carvalho, com a habilidade que definitivamente não possui, foi obrigado a recuperar o que é possível do naufrágio. Consta que por conta disso uma de suas principais assessoras pediu demissão. Observadores asseguram também que, sem ela, Maurão não consegue saber nem que pé precisa mover para dar o passo seguinte.
Mas o que de fato aconteceu foi que entre os badulaques incorporados ao salário dos deputados havia há muito tempo um penduricalho de R$ 9 mil a título de verba para sabe-se lá o que. O certo é que eles podiam gastar impune e aleatoriamente essa grana, de cuja existência, assim como de tantas outras, não se tinha conhecimento, desde que fossem apresentadas notas relativas às despesas.
Vai daí que alguma mente ociosa e preguiçosa, o que, convenhamos, não é difícil encontrar por lá, observou que o momento não é o mais adequado para sair por aí comprando notas frias para embolsar a grana. Surgiu então a ideia de reduzir o valor da mamata de R$ 9 para R$ 6 mil, e dispensar a apresentação de notas fiscais. Era só botar no bolso e pronto. Até que isso não representaria grande prejuízo, já que paga-se normalmente 30% do valor de face por uma nota fria.
E mais: se adequadamente explorada, a medida poderia render bons dividendos aos deputados junto ao eleitorado. Afinal, "pega muito bem" cortar na própria carne em tempos de crise. Se houvesse por ali alguma cabeça pensante, Maurão de Carvalho poderia sair dessa história como administrador consciente, que teria liderado os deputados nesse "sacrifício" de impor redução de R$ 3 mil pensais aos próprios salários. Mas como não havia, restou-lhe colocar o rabo entre as pernas e rezar para tudo cair no esquecimento. Meu saudoso amigo, o "Velho Dió", ensinava que "a burrice tem seu preço e faz questão de cobrar."
No caso de Sarney o que aconteceu à época foi que a assembleia constituinte convocada por ele, presidida por seu aliado Ulysses Guimarães e relatada inicialmente pelo então senador Bernardo Cabral, o "boto tucuxi" - aquele que ficava bolinando Zélia Cardoso nas reuniões ministeriais do governo Collor - ambos do PMDB, aliados, portanto, decidiu que o mandato presidencial em curso seria de cinco anos.Ora. O mandato presidencial dos generais era até então de seis anos, pelo menos com Médici, Geisel e Figueiredo. Só que ao suprimirem um ano do mandato, os "aliados" venderam a ideia de que Sarney estaria trocando concessão de rádios por votos favoráveis à ampliação do próprio mandato de quatro para cinco anos. Não houve nada disso, mas foi o que ficou valendo graças à incompetência conjunta das assessorias da Câmara e do Planalto.
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