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Postado por: Carlos Henrique
Data: 25/10/2013Carta-bomba
“Carta-bomba”
era um traqueO cidadão Herbert Lins pode comemorar. Ele publicou por anos uma coluna no jornal Estadão sem que eu lhe concedesse nem mesmo uma olhadela no título. Conseguiu agora fazer-me perder tempo com a leitura de sua carta-traque produzida sabe-se lá com qual interesse, a não ser merecer atenção, destaque e rojões da mídia adestrada, tão nanica quanto o PHS. Partido marreteiro, sempre usado exclusivamente para a negociação de cargos públicos. Faz muito bem o governador Confúcio Moura em não ligar a mínima para mais esta tentativa de ataque. Nem para as outras que certamente virão, na razão direta do reconhecimento público do sucesso de seu governo e da garantia da reeleição.O missivista conseguiu comprovar, com suas pessimamente traçadas linhas, que está a merecer tratamento clínico. Começou seu desarranjo intestinal com a envolvimentode absolutamente todos os parentes, amigos e eleitores do PHS no ridículo desse Black Bloc literário ao citá-los nominalmente como se catalogados estivessem, para depois exibir um texto sem pé nem cabeça. E, para incorporar alguma emoção, inseriu até uma cena de ação cinematográfica na qual os conspiradores se reúnem de cuecas em um barco para a entrega de um pacote de dinheiro. Talvez tenha imaginado alguma verossimilhança com base nos episódios de dinheiro guardado na cueca já registrados aqui e alhures. É claro que não espera com sua carta obter alguma atenção no Judiciário. Mas sua sandice irá, com toda a certeza, merecer discursos inflamados do presidente da Assembleia.O problema é que a carta desse adesista militante, que tanto se lamenta agora, depois da prisão, não representa um fato isolado na política rondoniense, fornecedora histórica de material para as páginas policiais. Apesar de que isso está longe de ser uma particularidade regional: é um problema nacional que tem raízes históricas. Laurentino Gomes, em “1889”, assinala, por exemplo, que o adesismo brasileiro existe descaradamente desde a proclamação da República, quando praticamente toda a corte bandeou-se para o lado dos militares. Até mesmo o preceptor dos filhos da princesa Isabel, o barão de Ramiz, mudou de lado imediatamente após o embarque do imperador deposto para Portugal.Fato curioso, pela semelhança com episódios registrados por estas bandas, foi a produção de uma lista dos “republicanos de primeira hora”, aos quais foram inclusive fornecidos atestados assinados por Benjamin Constant. A procura era imensa. Algo parecido aconteceu aqui, com a lista dos “amigos de primeira hora de Osvaldo Piana”, elaborada logo após sua eleição por oportunistas do quilate de Herbert Lins, ávidos por assegurar alguma reserva de mercado na distribuição de cargos no novo governo. Isso, sem contar os inúmeros carros que passaram a circular adesivados. Depois das eleições. Claro que tamanha amizade volatizou-se mais tarde, tão logo Raupp se elegeu governador.Que ninguém se assuste, portanto, pois muitas cartas ainda haverão de sair desse baralho. Mas isso tem lá suas vantagens. Como registrei ontem no Facebook, Cadeia também é cultura. Basta observar a quantidade de cartas abertas que ali são inspiradas. Sem contar os presos que agora decidem voltar a estudar. Quem disse que não existe um trabalho de reeducação para os apenados?
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